terça-feira, 30 de agosto de 2011

Japonesas entraram em uma corrida por aquisições no exterior


Armadas com crédito barato e fortalecidas pela solidez do iene, as grandes cervejarias japonesas correm para expandir a presença no exterior por meio da aquisição de marcas de alcance local, especialmente, na região da Ásia-Pacífico.
Na operação mais recente, a Asahi Breweries, segunda maior cervejaria do país em vendas acertou a compra da Independent Liquor, empresa líder em coquetéis prontos para beber na Nova Zelândia, por 1,5 bilhão de dólares neozelandeses (US$ 1,2 bilhão).

É a quarta aquisição da Asahi no ano, em seus esforços para alcançar a arquirrival Kirin.
A cervejaria concorrente anunciou duas compras no ano – na China e no Brasil [a aquisição da Schincariol, anunciada este mês] -, depois de uma série de investimentos nos últimos anos, que deram à líder em vendas do setor no Japão maior presença fora de seu mercado doméstico.
A Suntory, terceira maior em vendas e dona da Orangina Schweppes, que tem sede na Europa, e do Frucor Group, da Nova Zelândia e Austrália, deverá ficar sob novas pressões para tentar outras aquisições, depois de ter perdido a disputa pela Independent Liquor, segundo executivos de bancos de investimento.

As cervejarias japonesas entraram em uma corrida frenética por aquisições no exterior, para compensar a situação do mercado interno, afetado pelo declínio na população. Além de trazer o crescimento que lhes foge no Japão, a expansão internacional deve permitir às cervejarias do país usar sua experiência, como em controle de qualidade e desenvolvimento de produtos, para elevar o valor das operações adquiridas e dos próprios grupos.
A rede de fábricas e centros de distribuição absorvidos com as empresas adquiridas em regiões relativamente próximas deverão tornar as cervejarias mais eficientes. A Asahi destacou que as 15 fábricas e 27 centros de distribuição às quais o grupo terá acesso deverão melhorar a eficiência na gestão de sua cadeia de abastecimento na região da Ásia-Pacífico.
A inconstância dos consumidores e a feroz concorrência no mercado interno deixam as cervejarias japonesas sob constante pressão para lançar novos produtos, alguns dos quais ficam no mercado menos de um ano.

“Temos muitas gavetas das quais tirar novos produtos”, diz um representante da Kirin.
“Na Ásia, que é um mercado em crescimento, essa capacidade pode trabalhar a seu favor”, afirmou o analista Tokushi Yamasaki, especializado no setor de cerveja na Daiwa Capital Markets, em Tóquio.
A Kirin trabalha com a Fraser and Neave, maior cervejaria na Malásia e Cingapura, na qual comprou participação em 2010, e com a Lion, sua subsidiária na Austrália, em lançamentos que reunirão a capacidade de desenvolvimento de produtos dos três grupos, segundo um representante da empresa.
Com a Lion, por exemplo, cujas operações concentram-se no setor de leite, a Kirin trabalha para desenvolver uma série de produtos prontos para beber não alcoólicos, segundo a empresa.
A Asahi apontou como motivo para a nova aquisição a possibilidade de usar a experiência da Independent Liquor em coquetéis prontos para beber, à base de vodca e uísque bourbon, para desenvolver novos produtos no mercado japonês.
Outra área em que as empresas japonesas acreditam ter capacidade para agregar valor a suas aquisições é a tecnologia.
A falta de experiência das empresas do Japão em administrar grupos estrangeiros significa que “eles não conseguiriam realmente agregar muito em termos de gestão às aquisições internacionais”, disse o analista Nigel Muston, que cuida do setor de bens de consumo no Crédit Agricole, em Tóquio.
“Não temos visto muita coordenação internacional [...] na troca de capital intelectual”, afirmou Muston. Isso poderia ajudar a explicar em parte porque o valor de mercado da Kirin não aumentou em US$ 14 bilhões – que é o valor aproximado gasto pela companhia em fusões e aquisições -, desde que entrou na onda de compras, destacou.
“Ainda está por ser visto se [os grupos de bebidas japoneses] serão bem-sucedidos no exterior”, disse Yamasaki. Mas “eles não têm escolha”, acrescentou.
“Não será fácil concretizar o cenário sonhado, mas está claro que se eles se restringirem a seu mercado doméstico, simplesmente encolherão.”
Fonte: Valor Econômico
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